Gêneros literários: Lírico e narrativo, Dramático e não literários

Perguntas e respostas sobre o que são gêneros literários, qual a diferença entre poesia, poema e soneto? Exemplos, subgêneros e outros. O que são os textos literários e não literários.

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O que são gêneros literários?

Os gêneros literários são um conjunto de obras com características que se assemelham em forma e conteúdo, essa definição foi feita pelo filósofo grego Aristóteles, em sua Arte Poética, na antiguidade Greco-romana, época em que surgiram as primeiras manifestações poéticas da cultura ocidental.

Gêneros literários

O que é o gênero lírico?

No gênero lírico o poeta expressa seus sentimentos íntimos através do eu-lirico. Ele deixa vir à tona as emoções do seu interior, por isso dizemos que ele é impregnado de subjetividade. Faz isso através do ritmo, da melodia nos versos que ganham uma intensa sonoridade. A palavra lírica vem do latim e tem o significado de lira, o instrumento mais comum das Grécia antiga. Ele se divide em: poesia, poema, soneto, ode, Idílio, Elegia, Écloga, hino, haicai e acróstico. Destas iremos aprofundar a poesia, o poema, e o soneto, pois os mesmos são os mais estudados e usados na literatura.

Qual a diferença entre poesia, poema e soneto?

Para entendermos o mundo lírico antes de tudo devemos entender qual o significado de poesia, poema e soneto e assim poderemos distinguir cada um deles para não os confundirmos.

Poesia: a poesia pode estar em tudo: em uma paisagem, em uma obra de arte, em artes plásticas, em uma situação do cotidiano, em uma fotografia ou mesmo em um poema, por isso a poesia não é exclusiva da literatura. A poesia esta associada a um propósito criativo. Sendo assim ela pode estar em várias manifestações artísticas, como por exemplo, ao olharmos para uma escultura ou pintura podemos perceber a poesia empregada naquela obra de arte.

Poema: o poema é um texto do gênero lírico que apresenta características bem específicas nas quais podemos o diferenciar de outros tipos de textos. É um texto composto de versos e estrofes ou mesmo em prosa, geralmente vem carregado de poesia, mas também temos aqueles poemas que não tem musicalidade, por isso costumamos dizer que há poemas com rimas e outros com versos brancos (ausência de rimas). Os recursos mais empregados em um poema são a musicalidade, repetição e a linguagem metafórica, sendo está a que confere a subjetividade ao poema. Vejam abaixo um exemplo de poema com rimas.

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

[...]

Fernando Pessoa

Podemos perceber a musicalidade do poema através das rimas das palavras: fingidor/dor e completamente/sente.

Soneto: o soneto consta da metade do século IV com sua origem na Itália, do autor Giacomo da Letini. O soneto segue regras fixas sendo composto por quatro estrofes, sendo dois quartetos e dois tercetos (duas estrofes de quatro versos e duas de três versos). Tem dez sílabas poéticas que são chamados de decassílabos. Os sonetos mais famosos do Brasil são dos poetas: Olavo Bilac do Parnasianismo e de Vinícius de Moraes poeta modernista da segunda fase do modernismo.

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive)

Que seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes

O que dizer então das sátiras?

De origem galego-portuguesa, seu objetivo era retratar fatos da vida na corte em tom jocoso e funcionou também como uma espécie de crítica às desordens sociais e alguns comportamentos da época.

O que é a poesia narrativa?

Assim como o gênero narrativo de forma geral, a poesia narrativa conta uma história que pode ser longa ou curta. Ao contrário do gênero lírico, no qual se fala de como o autor se sente, neste caso, ele assume o papel de narrador e conta os fatos através da sua percepção. Temos dois tipos de poemas narrativos. A Epopéia que narra à história de grandes feitos históricos, destacando os seus heróis como podemos ver na Ilíada e na Odisséia, de Homero e em os Lusíadas, de Camões. Temos também o Romance ou Xacará que se inclui no poema narrativo e que conta a história de um herói, geralmente uma história de amor, na qual o casal vive uma paixão proibida, adultera e pecaminosa e que é punido no final. Temos como exemplo Tristão e Isolda.

O que é o gênero épico ou narrativo?

No gênero épico ou narrativo é elaborada a narração de uma história em uma sequência lógica dos fatos de forma linear (os personagens e o tempo são apresentado de forma lógica e cronologicamente) ou não linear (não faz uma narração cronológica, tem volta ao passado ou flash back), podendo ser reais ou imaginários. Esses acontecimentos são contados por um narrador e sua estrutura conta com início, clímax e conclusão. Os principais elementos da narração: espaço, tempo, personagens, enredo e narrador. No gênero épico eram feitas extensas narrativas que contavam feitos grandiosos de um herói ou povo de maneira extraordinária, porém com o passar dos tempos foi caindo em desuso e o gênero narrativo se sobrepôs com suas extensas narrativas em prosa- os romances. Neste gênero contamos com os subgêneros: romance, novela, conto, crônica, Epopéia ou poesia épica, fábula e ensaio. A seguir faremos um breve resumo de cada um.

Subgênero do gênero narrativo

Romance: narrativa em prosa, extensa e complexa com personagens fictícias e acontecimentos imaginários ou baseados em fatos reais em um determinado tempo e espaço, também caracteriza os personagens com perfil físico e psicológico e retrata uma época e os costumes sociais, muitas vezes de forma crítica. Modalidade bem desenvolvida a partir do Romantismo que tinha como seu principal autor José de Alencar do qual citaremos e alguns dos seus romances: A Moreninha, O Guarani, A pata da Gazela, Iracema, Lucíola, etc.

Novela: narrativa em prosa maior que o conto e menor que o romance, apresenta um desenvolvimento sequencial com os enredos interligados e com uma narração dinâmica. Exemplos: A Metamorfose, de Kakfa e O Alienista, de Machado de Assis

Conto: narrativa em prosa menor que o romance e a novela, com um enredo intenso e rápido, com poucas ações que são vivenciadas em um curto espaço de tempo por poucas personagens que são apresentadas superficialmente. Podemos citar como exemplos os contos de Machados de Assis; A Cartomante, O espelho, A missa do galo, uns Braços, etc.

Crônica: narrativa em prosa que aborda temas simples e do cotidiano fazendo uma crítica dos acontecimentos do dia a dia, recorrendo ao humor. Seu objetivo é criticar a realidade social, a política ou cultural. É um texto que fica entre o literário e o jornalístico. Citamos como exemplo; A casa materna de Vinícius de Moraes.

Epopéia ou poesia épica: narrativa em versos, extensa e complexa, que conta atos heróicos de um herói ou um povo. Acontecimentos extraordinários e que se imortalizaram. Como exemplos têm a Odisséia, de Homero e os Lusíadas, de Camões.

Fábula: narrativa em versos ou prosas com personagens fantásticos, principalmente animais e tem como finalidade transmitir uma lição de moral com cunho educativo. Citamos como exemplos: A Raposa e as Uvas, a cigarra e a formiga, o leão e o ratinho, etc.

Ensaio: é um texto de caráter critico acerca de um debate ou questão científica que mostra o posicionamento e as reflexões do autor a partir de questionamentos, críticas, experimentações e ponderações sobre o tema escolhido. Porém deve haver o comprometimento e a maturidade intelectual de quem redige o ensaio para oferecer reflexões plausíveis a partir do que a ciência já demonstrou na área. Sendo assim, podemos dizer que o ensaio transita entre o cultural, o literário, o didático e o Não-didático, o científico e o filosófico.

O que é o gênero dramático?

Segundo as definições de Aristóteles, o gênero dramático trata dos textos próprios para serem representados( através de peças teatrais). A modalidade dramática teve inicio na Grécia Antiga para as festas realizadas em honra de Dionísio, o deus dos vinhos. A narração fica por conta dos personagens, atores que contam a história por meio de diálogos ou monólogos. Citamos como exemplos de textos dramáticos: Romeu e Julieta, de Shakespeare e A divina comédia, de Dante alighiere.

O que são os textos literários e não literários?

Conforme conceito de texto como conjunto de palavras que formam um sentido relacionado a um contexto, podemos dividir os textos em literários e não literários.

O que são os textos literários?

Os textos literários são os que têm função estética que causa diferentes emoções ao leitor. Destina-se ao entretenimento, ao belo, à arte, à ficção para isso o autor usa dos tons poéticos e artísticos para expressar através da sua criatividade os sentimentos de amor, ódio, alegria, dor, etc, através da estética da escrita. Tem linguagem conotativa (literária) e subjetiva (expressão dos sentimentos) Podemos citar como exemplos de textos literários os poemas, contos, fábulas, romances, crônicas, lendas, músicas, etc. Exemplo:

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal

Por te cruzarmos, quantas mães choraram

Quantos filhos em vão rezaram

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosse nosso, ó mar!

[...] Fernando pessoa

O que são os textos não literários?

Os textos não literários são constituídos de uma linguagem denotativa (significado do dicionário), pois tem somente a função de informar, explicar e esclarecer sobre certo assunto que tenha utilidade para o leitor. Por isso é produzido de forma clara, objetiva e direta para não gerar nenhum tipo de dúvidas. Podemos citar como exemplos de textos não literários as notícias de jornais, reportagem, etc.

Exemplo: Governo do estado do Rio grande do sul continua parcelando os salários dos servidores públicos.

Quais as principais características de um poema lírico?

O poema lírico é aquele no qual o autor demonstra seus sentimentos e emoções, como se fosse uma espécie de retrato do seu “eu lírico”. Nesse gênero, as falas são direcionadas especificamente ao leitor e, em sua grande maioria, as poesias apresentam rimas.

Como surgiu a poesia lírica?

Tudo começou na Grécia antiga. Os versos, em princípio, eram cantados ou acompanhados ao som de flautas ou liras. Foi daí também que surgiu o termo lírica.

Narrativos e contos

Apesar de ambos contarem uma história com início, meio e fim, é possível observar nos contos um aspecto mais detalhista, como a aparência dos personagens e outros pormenores que seriam omitidos caso se tratasse de poesia narrativa.

O que dizer então da poesia dramática?

Trata-se de uma espécie de narrativa, mas muitas vezes sentimentos e emoções dos narradores são desenhadas através dos versos. É nessa hora que o poema dramático assume também algumas características épicas. Ésquilo, Eurípedes e Sófocles fizeram uso desse gênero e escreveram muitas de suas principais peças. Nem todas foram preservadas e é possível que haja ainda muito material desconhecido desses autores. O Padre José de Anchieta também de certa forma aderiu ao gênero, por volta do século XVI, quando estava em sua campanha de evangelização. Isso porque a forma pela qual ele difundia seus ideais cristãos para os povos indígenas que aqui viviam era o auto sacramental, uma espécie de subgênero da poesia dramática.


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